quarta-feira, 28 de dezembro de 2011



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

CAMPANHA DA PRINCESA

A CIDADE DA CAMPANHA - MG



Fontes cunsultadas:

Wikipedia - Enciclopedia livre
Arquivo Público Mineiro
Curia Diocesana da Diocese da Campanha
Alfredo de Vilhena Valladão - Volumes 1- 2 e 3
Centro de Estudos e Pesquisas Monsenhor Lefort
Francisco de Paula Ferreira de Rezende - Minhas Recordações
I B G E - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica



""Fundação 2 de outubro de 1737

LOCALIZAÃO:

Localização de Campanha em Minas Gerais e no Brasi:

21° 50' 20" S 45° 23' 29" O21° 50' 20" S 45° 23' 29" O

Unidade federativa Minas Gerais

Mesorregião Sul/Sudoeste de Minas IBGE/2008[1]

Microrregião Varginha IBGE/2008[1]

Região metropolitana

Municípios limítrofes Cambuquira, Monsenhor Paulo, São Gonçalo do Sapucaí, Lambari e Três Corações

Distância até a capital 316 km

Características geográficas

Área 336,033 km²

População 15.949 hab. est. IBGE/2009[2]

Densidade 46,0 hab./km²

Altitude 940 m

Clima Tropical

Fuso horário UTC-3

Indicadores

IDH 0,784 médio PNUD/2000[3]

PIB R$ 102.698 mil IBGE/2005[4]

PIB per capita R$ 6.734,00 IBGE/2005[4]



Campanha é um município brasileiro do Estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2004 era de 15.041 habitantes.
A cidade é sede da Academia Sul-Mineira de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico Alfredo Valadão, da Cruzada Nacional de Alfabetização, precursora do MOBRAL, da Fundação Cultural Campanha da Princeza - Faculdades Integradas PAIVA DE VILHENA.
Outras entidades culturais.
É porta de entrada para o Circuito da Águas e recebe turistas também por causa de suas igrejas e casarões coloniais, Artezanados em Ceral, notadamente as Tapçarias.
As principais atividades econômicas de Campanha são: a agropecuária, dando um maior destaque às culturas de café, milho, feijão, cítricos, batata e gado leiteiro; laticínios e metalúrgica, além da fabricação de Tapetes, gaiolas e acessórios para pássaros e artenzanatos



1 Breve histórico:

2 Igrejas

2.1 Matriz de Santo Santo Antônio

2.2 Nossa Senhora do Rosário

2.3 Nossa Senhora das Dores

2.4 Capela da Santa Cruz

2.5 Catedral de Santo Antonio - elvada à Catedral com Criação da Diocese da Camapanha, em 1.907

3 Padroeiro

4 Rios

5 Origem do Nome

6 Antigos nomes

7 Filhos ilustres

8 Moradores Ilustres

9 Turismo

10 Referências

11 Ligações externas



As primeiras cidades fundadas em Minas Gerais devem sua origem à ambição pelo ouro, que moveu bandeirantes fazendo-os caminhar léguas por lugares antes não penetrados. Entre elas inclui-se a cidade da Campanha, o que é evidente ainda nos dias de hoje em profundas escavações nos terrenos que a circundam.
A fase inicial da história compreende um longo período do século XVIII, onde encontravam-se princípios de uma sociedade. Muito antes de 1700 começaram as entradas dos paulistas, que vinham caçar índios com o fim de escravizá-los. Logo após, os bandeirantes, atraídos pela fama que corria das ricas minas de ouro descobertas em Minas Gerais. É então que se esboçam os primeiros rudes povoados que indicando a localização da antiga riqueza aurífera e de diamantes de Minas Gerais, constituíram o início da vida civilizada dos sertões de Minas.
Campanha é a cidade mais antiga do Sul das Minas Gerais – cidade histórica reconhecida oficialmente em 2 de outubro de 1737 – povoação iniciada no ciclo do ouro. Elevada à freguesia em 6 de fevereiro de 1752, à vila em 20 de outubro de 1798 e à cidade em 9 de março de 1840.
O ouvidor Cipriano José da Rocha, saindo de São João del-Rei a 23 de setembro chegou ao arraial da Campanha no dia 2 de outubro de 1737 e, entusiasmado com a fertilidade do seu solo e com as riquezas das minas de ouro encontradas, deu ao povoado o nome de São Cipriano.
Mapa da Villa de Campanha em 1814.Campanha desde o século XVIII esteve presente em fatos históricos do Brasil e de Minas. Dentre eles, teve participação no episódio da Conjuração Mineira. Dr. Inácio de Alvarenga Peixoto, um dos conspiradores, viveu em Campanha, onde possuía inúmeras fazendas e era um dos homens mais ricos de Minas, no seu tempo. O esgotamento das minas, alegado por aqueles que se esquivavam ao pagamento de seu débito para com o físco, já na segunda metade do século XVIII, acentuava-se cada vez mais, prenunciando o fim de uma era de grandeza.
Passado o ciclo de grandes atividades desenvolvidas em torno das minas, sofreram natural estagnação ou decadência, todos os rincões de Minas Gerais onde predominavam os interesses ligados à mineração. Campanha, entretanto, manteve-se por muito tempo como centro de industrialização e cultural de toda a região Sul Mineira.
Foi, ainda, sede administrativa e jurídica do Sul de Minas: a primeira, por quase um século, e a segunda além de um século. Pioneira da instrução, em razão mesmo de sua antiguidade, sempre gozou de merecido renome, pela notável contribuição que deu à causa do ensino em nossa pátria, desde os primórdios de sua formação histórica, como bem definiu o jurista e historiador campanhense Ministro Alfredo de Vilhena Valladão, quando declarou: “Refulgiu pelo ouro da terra e pela fé, pela cultura e pelo civismo de seus filhos”.
Ainda alguns anos depois da nossa independência, a instrução pública em Minas Gerais era extremamente limitada, pois além de algumas escolas de primeiras letras que aqui e ali se encontravam e de dois colégios dirigidos por padres, um conhecido em Congonhas do Campo e o outro no Caraça, não existia em toda província outro qualquer estabelecimento de instrução secundária além do seminário de Mariana, onde se preparavam os padres, e uma simples cadeira de latim em algumas das principais vilas da província. Campanha era uma dessas vilas privilegiadas e a única no Sul de Minas para onde afluíram estudantes de outros pontos, quer próximos, quer distantes, pois era a sede da 3a Circunscrição Literária.
O anseio de seus filhos para instrução manifestou-se desde os primeiros tempos, como se evidencia pelo que ocorreu quando foram inaugurados os cursos jurídicos no Brasil, apenas com duas faculdades – uma em São Paulo e a outra em Recife. Na primeira matricularam-se quatro mineiros, três dos quais eram campanhenses e um de outra cidade.
Como não poderia ser diferente dos urbanismos de sua época a sua população era gente de todas as partes niveladas pela ambição de ouro. A cidade era organizada por camadas humanas relativas a cor, pois 60% era negra, que constituía a mão de obra escrava, 30% pardos e 10% brancos. Estes, dominavam politicamente e não se submetiam aos trabalhos pesados.
No percurso de sua história, Campanha recebeu gente vinda de várias partes do Brasil e de diversas categorias sociais. A sua riqueza mineral e vegetativa propiciou o desenvolvimento da sociedade, o que levou a receber visitantes ilustres como a Princesa Isabel, Carlota Joaquina, Conde d'Eu, Euclides da Cunha, Manuel Bandeira, Sílvio Romero, José do Patrocínio, Pedro Ernesto Baptista, Bárbara Heliodora, entre outros. Suas passagens por Campanha, marcaram a história da cidade, mas a recíproca é verdadeira. A cidade também os marcou, muitas vezes registrado nas suas obras culturais levando-os a construírem moradias (casarões e templos) e permanecerem aqui por um tempo considerado.
Campanha também gerou personalidades reconhecidas internacionalmente, como Vital Brazil Mineiro da Campanha - cientista descobridor do soro antiofídico e Maria Martins - considerada uma das artistas surrealistas mais relevantes do planeta. Sávio Davi dos Reis Paula, artista autodidata, tatuador e musico,com seu desenhos espalhados por todo o planeta.
Agostinho Marques Perdigão Malheiro ( 1824 - 1881 ) jurisconsulto que escreveu um tratado sobre a legislação escravista: A escravidão no Brasil: ensaio histórico-jurídico-social em 1866, que é um marco e que influenciou profundamente as ações e políticas para a extinção da escravidão. Como homenagem, os campanhenses deram seu nome a uma de suas ruas.
No passado, a grande extensão do município ocupava a margem esquerda do Rio Grande até o Jaguari, das cumeadas da Mantiqueira até o rio Pardo, estendendo a sua jurisdição municipal – com legislação num círculo de quase 3 mil léguas. Por essa extensão de terra e pela riqueza natural e cultural, Campanha é considerada a cidade-mãe, fertilizadora das outras cidades – o berço do Sul de Minas.


"A CELULA MATER DO SUL DE MINAS"


Pela sua importância no contexto histórico das Minas Gerais, a cidade sediou por mais de um século a Diretoria Regional dos Correios, com jurisdição em todo o sul do estado.

IGREJAS:

Matriz de Santo Antônio

A primeira e antiga Matriz de Santo Antônio, a primeira igreja construída na Campanha, então Freguesia de Santo Antônio do Vale da Piedade da Campanha do Rio Verde, pela vontade e pela fé dos pioneiros e bandeirantes que habitaram estas ricas e aprazíveis terras, no limiar do século XVIII.
Entre 1737 a 1742, a igreja foi construída, nela se despendendo nove mil oitavas de ouro, pela Irmandade do Santíssimo Sacramento. Não era esse templo de pequenas dimensões, pois havia no seu interior 93 sepulturas e estava situado pouco abaixo da atual Catedral, na parte em que a Praça Dom Ferrão se larga, nas imediações dos jardins e das estátuas do Mininistro Alfredo Valladão e do cientista e sábio Vital Brazil Mineiro da Campanha. Durou relativamente pouco a primeira Igreja Matriz, pois em 1800, já tinha aspecto de ruínas. Em seu adro existia uma cruz, ao pé da qual foi enterrado, sem nenhuma pompa e no hábito do seu Padre São Francisco, de que era terceiro, por sua última vontade manifestada em testamento que fez antes de falecer em 20 de dezembro de 1748, o grande bandeirante Capitão-mor João de Toledo Piza e Castelhanos.



- Nossa Senhora do Rosário

A segunda igreja construída, por Provisão Régia de 1759. Segundo descrição de Francisco de Paula Ferreira de Rezende, em sua obra “Minhas Recordações”, a Igreja do Rosário esta colocada acima da Matriz, no ponto mais alto da colina em que a povoação se assenta, justamente no lugar em que, naquele tempo, acabavam as casas e começava o campo.
Sem nenhuma arquitetura e sem torres, o seu sino ficava do lado de fora. A mais alegre de todas as festas da Campanha era a festa dos negros, isto é, a de Nossa Senhora do Rosário e como vulgarmente se dizia a “subida do Rosário”. Essas festas, as congadas, com os seus vistosos “ternos” e animadas “embaixadas”, há anos passados, tivemos oportunidade de assistir e admirar. Houve tempo que a Igreja do Rosário foi a única e a mais importante da Campanha, sendo aí celebrados os ofícios religiosos.
Assim foi por ocasião da morte de D. Maria I, a 20 de março de 1816, em que as suas exéquias solenes, com Missa e sermão, foram realizadas nesse templo. Essa igreja foi inexplicável e simplesmente demolida, por determinaçao do Bispo Diocesano, Dom Inocencio Engelke, numa demonstração de descomprometimento com a memória nacional e com a cidadania. Muito mais tarde, doi edificada outra igrja, por grande capricho e esmero da saudosa D. Matilde Dallapé, no fim da Chapada.

-Nossa Senhora das Dores

É a terceira em antiguidade e foi concluída em 1799 pelo rico minerador, José de Jesus Teixeira. Felizmente ainda existe, na plenitude de sua beleza e de seu estilo colonial de linhas puras.

-Nossa Senhora das Mercês, contruida na segunda metade do século XVIII, frequentada pelos pardos e mestiços e tambem demolida por determinação de D. Inocencio Engelke.

-São Sebastião, demolida e construida outra bo mesmo local, com a participação dos devotos.


-Capela da Santa Cruz

A primitiva Capela Santa Cruz, construída por volta do ano de 1848, fora do perímetro urbano, na localidade denominada de Árvores Bonitas, foi consumida por um incêndio tido como criminoso.
Substituiu-a a Segunda Capela, em 1895, em uma elevação no fim do Bairro das Almas e, mais tarde, por se achar em ruínas, foi demolida, até que, em seu lugar, foi edificada a terceira e atual Capela de Santa Cruz, em 1938, no mesmo belo e aprazível local.



-Catedral de Santo Antônio

Sua pedra fundamental foi lançada no dia 21 de janeiro de 1787, em solenidade presidida pelo pároco local Pe. Bernardo da Silva Lobo, com assistência de grande número de fiéis e membros das irmandades.
Foi construída pelos escravos e levou 35 anos para ser concluída. Foi feita em taipa, de terra da melhor qualidade, conduzida de grande distância, por toda gente sem distinção de sexo, idade, fortuna e posição social, sendo notável a solidez da obra, cuja espessura de 1,80 m a todos causa admiração.
Em 1925, foi modificada a sua fachada, descaracterizando-a completamente e dando assim novo aspecto à fachada e torres.
Em 1937 e 1938, D. Inocêncio Engelke, 2º bispo diocesano, às suas expensas, manda cercar a Catedral com uma grade de ferro. Várias reformas foram feitas ao decorrer dos anos. Em taipa, é o maior templo católico de Minas e um dos três maiores do Brasil.

- Padroeiro

Santo Antônio de Lisboa (português)



-Rios

Rios Palmela e São Bento.

Ribeirão Santo Anton

-ORIGEM DO NOME:

O nome da atual cidade se deve à topografia, pois a cidade se encontra localizada numa colina circundada por extensas campinas.

-Antigos nomes:

Arraial de São Cypriano

Santo Antônio do Vale da Piedade do Rio Verde

Campanha do Rio Verde

Campanha da Princesa da Beira

Santo Antonio so Vale da Piedade da Campanha da Princeza da Beira

Campanha da Princesa


FILHOS ILUSTRES:

Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena

Vital Brasil, cientista

Maria Martins, escultora

José Bento Leite Ferreira de Melo, senador

Dr. Eugênio vilhena de Morais

Dr. Rodolpho Vilhena de Morais

Francisco Xavier Lopes de Araújo, militar, engenheiro e professor brasileiro

Álvaro Gomes da Rocha Azevedo, Prefeito de São Paulo, Ministro do Tribunal de Contas da União e Deputado Federal

Américo Lobo Leite Pereira, Jurista, Senador, Ministro do Supremo Tribunal Federal

Padre Victor, Sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana

Francisco de Paula Ferreira de Rezende, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Vice-Governador de Minas Gerais

Desembargador João Braulio Moinhos de Vilhena, Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Dr. João Braulio Moinhos de Vilhena ´Junior, Médico, Deputado Provicial, Secretário das Finanças de Minas Gerais

Alfredo de Vilhena Valladão, Ministro do Tribunal de Contas da União

Agostinho Marques Perdigão Malheiro, Jurisconsulto, Escritor e Historiador Brasileiro

Coronel Zoroastro de Oliveira

Bernardo Saturnino da Veiga, Jornalista, Escritor e Empresário

José do Patrocínio Lefort, Historiador e Educador

MORADORES ILUSTRES:

Bernardo Jcinto da Veiga

Euclides da Cunha - Acadêmico da Academia Brasileira de Letras, Militar e Engenheiro

João Luís Alves - Acadêmico da Academia Brasileira de Letras, Juiz e Prefeito de Campanha

Fernando de Azevedo - Acadêmico da Academia Brasileira de Letras, um dos Fundadores da Universidade de São Paulo

Manuel Bandeira - Acadêmico da Academia Brasileira de Letras

Agostinho Marques Perdigão Malheiro, Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Juiz de Campanha

Bárbara Heliodora – Poetisa e esposa do inconfidente Alvarenga Peixoto

João Barbosa Rodrigues - Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

TURISMO:

Entre as atrações, está o Museu Regional do Sul de Minas. Entretanto, o local é alvo de furtos. Em 1994, a imagem de Nossa Senhora da Piedade, em madeira e vulto quadrangular representando Nossa Senhora e o Cristo mortos, foi furtada juntamente com outras 27 peças, como imagens, oratórios e alfaias.[5]

sábado, 30 de outubro de 2010

RMVS - Ramal Campanha-Cruzeiro-SP - Foto do trem de carga (mixto), aproximando da estação de Campanha

Sobrado que pertenceu ao Comendador Francisco de Paula Ferreira

O Comendador Paula Ferreira era o pai de Anna Alexandrina Ferreira Brandão, casada com o Cel. Martiniano dos Reis Brandão, pais do Dr. Francisco Honório Ferreira Brandão, médico e politico, e de João Chrisóstomo Ferreira Brandão, casado com Maria Carlota Nunes Brandão que, por sua vez, eram os pais de Marina Brandão de Vilhena, casada com o Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011


EUGÊNIO VILHENA DE MORAIS

Antônio Casadei *



Historiador, poeta, jornalista, administrador, jurista e, acima de tudo, professor, nasceu na Campanha a 5 de fevereiro de 1887, pertencente a uma família tradicional e culta. Seu pai, José Gomes de Morais, foi professor e Coletor Federal. Eugênio fez os estudos preliminares na terra natal e o secundário, no Colégio Anchieta, dos padres Jesuítas, em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, tornando-se Bacharel em Ciências e Letras, na turma de 1902, ao lado do seu irmão Rodolfo, depois médico famoso, professor, escritor e jornalista.

Foi com um ensaio, “A Influência dos Jesuítas em nossas letras” que ingressou, em 1921, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Como decano dessa famosa Instituição Cultural, alcançou a eleição para Sócio Grande e Benemérito, com importante e culta atuação. Escreveu vários livros sobre a figura insigne e patriótica do Duque de Caxias. Foi o idealizador do Dia do Soldado, anualmente comemorado em 25 de agosto, data natalícia do grande Pacificador. Recebeu a Medalha do Mérito Militar e outras comendas nacionais e estrangeiras. Colaborou em vários jornais, especialmente no Jornal do Comércio e na Revista Verbum, magnífico veículo de cultura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, concluindo, entretanto, o seu curso com raro brilhantismo na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, no ano de 1907. Nunca tendo exercido a profissão de advogado, dedicou-se inteiramente ao Magistério, com grande competência, lecionando em vários estabelecimentos de ensino, português, francês, latim e história, inclusive no próprio Colégio Anchieta, no Externato Santo Inácio e na Escola Normal, depois Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Foi nomeado Diretor do Arquivo Nacional por Decreto de 30 de junho de 1938, do Presidente Getúlio Vargas, cargo que exerceu com competência e operosidade por 20 anos.

Católico praticante, caracterizava-se pelo seu espírito combativo e polêmico, não recuando na defesa do que lhe parecia certo.

Apesar da saúde por vezes precária, era dotado de indomável energia interior, que o fez viver sempre atuante e afirmativo e fiel aos seus princípios, até a idade avançada de 95 anos. Faleceu no Rio de Janeiro, no Bairro da Gávea, deixando muitos filhos.

Como muito bem disse o saudoso Professor Pedro Calmon, à beira do seu túmulo, “Outra missão não cumpriu que a de bem servir a Deus e a Pátria”.

---
Dr. Zoroastro de Oliveira Filho

"A grandeza não consiste em receber
honras, mas em merecê-las"
Aristóteles

Do alto de meus oitenta anos, ainda me lembro, com muita clareza, dos meus dias idos e vividos, e muito do que se passou desde que me dei conta de minha existência. Nesse lançar de olhos ao passado, é natural vir à mente fatos ou pessoas que, por algum motivo, tornaram-se importantes para mim e marcaram a minha infância.

Infância esta que, afortunadamente, foi feliz, como também foi a dos meus dez irmãos. São muitas as recordações de um passado já distante pelo o acúmulo dos “janeiros", mas que sempre quando vêm à mente trazem prazer, alegria e satisfação de poder ostentá-las. O grande pensador Thomás de Aquino afirmava: "Manter-se alguém ou fatos em seu ser é manter-se naquilo que condiz com a razão".

Fernando Pessoa complementa de forma magnífica esse pensamento, ao dizer que "o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
Zoroastro de Oliveira Filho, ou Dr. Oliveira, como era conhecido, ou Oliveirinha, como as pessoas que o conheceram na juventude assim se referiam a ele foi, sem dúvida, uma, dessas pessoas incomparáveis. Apesar de na época em que o conheci ter apenas três para quatro anos de idade, tenho viva na memória a lembrança da maneira como o Dr. Oliveira me distinguia, a acolhida que me proporcionava, as atitudes carinhosas, as brincadeiras, as idas a casas dos clientes enfermos, na sua barata Ford, modelo 1929, onde aguardava por ele até que o atendimento terminasse. E tanto outros fatos e episódios nos quais o Dr. Oliveira demonstrava a sua predileção pela criança e depois pelo jovem filho de seu fraternal amigo.

Nessa época, minha família tinha o hábito de jantar mais tarde do que o convencional, pelo fato de meu pai clinicar no Colégio de Sion, onde mantinha consultório dentário completo, e também em seu consultório na cidade. Como ele fazia questão de realizar a refeição com seus onze filhos assentados em volta da mesa, cada qual com seu lugar pré-estabelecido, o jantar era servido por volta das 19.30h.
Via de regra, à noite o Dr. Oliveira passava em nossa casa e, às vezes, quando estávamos jantando, ele mesmo pegava uma cadeira, colocava-a ao lado da mesa e ficava ali conversando com todos. Terminado o jantar, passava-se para sala de estar, ou ele e meu pai saíam para fazer uma caminhada pela cidade e, à medida que caminhavam, outros amigos apareciam e se juntavam a eles. É curioso observar que, na época, podia-se caminhar no meio da rua, e não no passeio, o que era possível pelo pouco movimento de veículos. Sistematicamente, a caminhada terminava no bar do "Chatinho", onde o Dr. Oliveira propunha que se tomasse uma cerveja sob alegação de que era um bom diurético. Sempre que possível, esperava por eles la no bar para tomar guaraná. O máximo que elem tomavam eram uma ou duas garrafas de cerveja.
Conhecido pela retidão de seu caráter, por sua competência e por uma conduta profissional pautada pela ética e pela honestidade de seus atos, o dr. Oliveira se firmou como "O MÉDICO DA CIDADE DA CAMPANHA". Profissional competente, caridoso e humanitário, a quem todos recorriam e, prontamente, eram atendidos, sempre com a mesma atenção, sem distinção de raça e condição social. Era muito comum, em determinados atendimentos, o Dr. Oliveira não cobrar os seus honorários, até mesmo quando realizava cirurgias, caso se tratassem de pessoas carentes ou de pouco recurso. Por sua retidão e generosidade, pode-se dizer que o Dr. Oliveira fez da medicina um verdadeiro sacerdócio.
A sua dedicação profissional lembra-nos um São Vicente de Paulo a distribuir caridade. Com efeito, Dr. Oliveira não tinha hora para atender um chamado urgente; muitas vezes, ainda alta madrugada estava ele numa fazenda distante da sede do município e, em uma época em que as estradas rurais ainda não cobriam todos os caminhos, necessitava de um cavalo para chegar até ao local em que se achava o paciente.
Procurando estabelecer um paralelo entre o atendimento médico que se faz nos dias de hoje e aquele praticado pelo Dr. Oliveira, o que me vem à mente é a idéia de que havia em seu atendimento uma atenção integral à saúde, com a reinserção do paciente na família e na comunidade. E, ainda, conhecendo a enfermidade, ele conhecia também a pessoa doente, não sendo difícil estabelecer o que diz máxima: não existe doença, existe doente.

Ainda me lembro, mesmo sendo criança à época, quando o Dr. Oliveira ia a nossa casa atender um de nós que estava com problema de saúde. Nessas ocasiões, mal entrava em casa e já parecia saber o que o paciente tinha; com isso, fazia rapidamente o diagnóstico, explicava o que estava acontecendo e passava as prescrições necessárias. Hoje, entendo que esse procedimento que envolvia um conhecimento amplo de seus clientes estava ligado ao exercício de uma medicina caracterizada pela integral dedicação do médico aos seus pacientes.

Zoroastro de Oliveira Filho reunia na sua personalidade uma perfeita integração do homem com o médico. Não havia, de fato, uma distinção formal entre um e o outro; sua presença era forte, ensejava confiança e carisma de um predestinado.
As suas qualidades, a bagagem de conhecimentos e experiências estão intimamente associadas a ele, como também estão a ética, a honestidade, a postura e o carisma. Valores esses que compunham a personalidade do homem íntegro que foi, e que explicam o forte impacto por ele causado junto à população Campanhense.
Consagrando sua destacada trajetória, no ano de 1947, houve eleição para prefeito de Campanha, em decorrência da deposição de Getúlio Vargas, em 1945 – quando o país retornou à democracia. Por vontade própria e incentivado por amigos, Dr. Oliveira decide candidatar-se, trilhando os passos de seu pai, o saudoso Cel. Zoroastro de Oliveira, que liderou a política da cidade de 1° de janeiro de 1908 a 7 de outubro de 1927, como agente executivo. Sua liderança política, porém, só termina com o seu falecimento, ocorrido em 27/07/1931. Dr. Oliveira teve o reconhecimento da população Campanhense que lhe consagrou expressiva vitória, ao conquistar 80% dos votos válidos.
Não se tratam aqui de meros e fugazes elogios, mas sim, a tentativa de retratar a vida de uma pessoa que, como cidadão, profissional médico e homem público, teve uma passagem marcante, uma vida repleta de sentimentos altruísticos. Ao procurar retratar essa personalidade ímpar de Zoroastro de Oliveira Filho, o faço como algo que nasce de dentro para fora, e que vem carregado de sentimentos.
Entendo que esse texto é repleto de saudosismo, mas o que é o saudosismo senão uma atitude perante a vida com um profundo significado e com amplas dimensões, consubstanciadas numa percepção humana que tem como base a saudade e a valorização do passado; de um passado que envolve pessoas, fatos e acontecimentos que geraram paradigmas importantes às gerações futuras.
Zoroastro de Oliveira Filho prosperou como cidadão, médico e homem público, mas não perdeu a modéstia; ao longo de toda sua vida, continuou sendo o Oliveirinha que as gerações passadas carinhosamente o chamavam, homem digno, íntegro e honrado que é motivo de orgulho para todo cidadão Campanhense, independente de seu tempo.

Tarcísio Brandão de Vilhena